sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


Quando a janela abre, as pupilas contraem e ela fecha os olhos pra luz do dia. Minha mão direita é a que vai até um de seus olhos. Parece coisa de uma vida inteira, mas é só descoberta.
Quando a janela do dia abre, ainda estamos acordadas. Eu que nunca falo, me dei conta de que conversei sem cansar uma noite inteira, com alguém que acabo de conhecer. Eu que estava tão perdida, esqueci meu caminho e minha dor em uma noite, e me senti acompanhada. Bondade? O tempo anda correndo muito depressa, e muitas coisas cabem hoje em uma sacolinha pequena chamada semana.
Medo, sempre meu medo de descobrir as coisas, de ser feliz. Ela sente medo também. De me machucar, de me iludir. Quer me fazer bem, e anda fazendo. Quero também fazer  bem, e sei que temos pouco a oferecer, mas esse pouco pode bastar.
Quando ela fecha os olhos por causa da luz, eu não consigo parar e pensar quem sou eu, o que quero e o que farei. Nem o que sinto. Que bobo, na minha idade, parar sem pensar em nada e olhar uma pessoa, simplesmente, e isso te fazer um bem tão grande que dá vontade de sentir vontade de deixar de ter medo.
Pode acabar hoje, amanhã, e pode ter acabado ontem. Pode ter sido um travesseiro no qual eu me deitei e dormi tranquila depois de um pesadelo. Pode ser que eu acorde agora e comece a perceber o que me aguarda do outro lado da janela. E anda chovendo muito nas ruas por onde eu passo.

Uma semana, um dia, um mês. Alguns dias. É o tempo que leva pra descobrir. Descobertos novos sentidos, leva quanto tempo pra definir aonde eles levam? Leva quanto tempo pra descobrir porque as mãos ainda tremem, porque os lábios hesitam, porque a falta faz tanto sentido quando como era adolescente e esperava por um sinal de vida do outro lado da linha, do outro lado da cidade, egoistamente?
Três pontos e uma interrogação.
Há línguas que perdem a graça quando encontram tradução.

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